7 de jul. de 2013

XIV

“Há um pouco de esperança para mim? Pregunto-lhe a Pandora. E esta, enigmática, desapareceu. Assi que determinou que si e seguiu caminho cara essas montanhas solitárias e imponhentes do horizonte, com o sol ás costas e o porvir diante dos olhos, logo de passar os enigmas que se interpunham entre ela meninha e ela mulher”
Iolanda Gil Vilaverde


XIV


Há um libro pousado na terra
pudera ser que medrasse como um
toxo silvestre?

Se quadra as raizes escarvam
e desfam a dor a miséria a opresom…
e nom sabemos quando
deixarám de escarvar

Cravadas na pedra
as prisioneiras deixamos nele
bágoas
suor
sangue

e nom sabemos

quando deixaremos de escrever.

O Clube

Nom há lua essa noite. Apenas as luces de neom do clube a carom da estrada e umha farola tatexa.

Aquel home entrou como um touro, directo a pola mulher. Agarra-a dum braço, golpealhe na cara, “Que che digem puta!” Ele está bébedo e enfarlopado. Pode ser um qualquera.

Entom aparece o velho. Ele é quem manda nelas. É quem as trae, con quem fan o pacto. Tem na man um cable negro, groso, por dentro metal duro.

O home decata-se da sua presença tras da barra. Nom lhe tem medo. Sacalhe meio metro e está cegado. Tem dentro o Animal e ferve.

O velho é como umha rata. Foge, mas agarda, “Vem aquí, vem”. Sabe que dentro sae fodido. Sae fora do clube. “Vem cabrom, vem que te mato”

O touro vai cara ele. O velho vai cara a escuridade. “Vem cabrom”. Agocha-se. Chama polo seu filho, que está a chegar no coche.

O home cheira-o, o odio leva-o a onde o velho quer. A sombra. A sombra come-os. O tempo e o silêncio fundem-se.

O filho aparece por detrás. Dá-lhe umha patada nas costas, coas botas de monte. O home torce-se. “Agora si, cabrom”. O velho dá-lhe co cable, e cae redondo, e dá-lhe na cabeça, e dá-lhe no estómago, e dá-lhe e non mira onde.

O home bota sangue pola boca. “Nom me mates, nom me mates”. O velho surri e dá-lhe outra mais. E já nom fala e parece que foi alá.

O velho chama a berros por outra mulher. “Trae um caldeiro de agua óstia”. Tiralho por enriba ao home e este ergue-se atontado e bota a andar sen sentido. E o velho deixa-o ir, que ande ou se arrastre e deixao ir vagando pola estrada escura, vai deixando o rastro polo asfalto.

Enfrente do clube está o mar. A farola está cansa. O Inverno cae como a morte.

Na aldea o home dixo que caera no peirao. Durou un mes.


22 de mai. de 2013

Entom crês que Galiza é umha naçom?

O xefe de serviços é umha pessoa 'educada' e com 'talante'. Cada certo tempo achega-se a mim e pergunta-me de jeito incisivo: que tal estás?

É umha pergunta curiosa, sobretodo vindo dum dos responsáveis do meu encerro. Claramente el ja sabe qual há ser a resposta, pois o lógico ao estar em presom é estar 'jodido', ou seja, coaccionado a estar isolado, em maior ou menor medida, todos os días. E ademais ele é um dos responsáveis que pom Madrid para ler e escoitar todas as minhas comunicaçons, polo tanto há conhecer bem todos os meus estados de ánimo e intimidades varias.

O outro día chamou-me e fíxo-me a pergunta de sempre. Eu comentei-lhe que 'bueno', mas que estaría um pouco melhor se figessem umhas pequenas obras e recortassem um pouquinho o muro para que ao menos assi se pudessem ver umhas montanhas que seica há detrás. Nom sei se poderá ser.

14 de mai. de 2013

Aterrizagem em prisom

[Nota aclaratoria: Este "diario"  non é o orixinal. O orixinal "perdeuse" polo caminho dende Soto del Real nalgures no mes de Xaneiro. Voltou reescribilo e envialo xa dende Villabona]

Sexta-feira, 11 de Janeiro, 2013.

Esperto e olho ao meu redor. Estou numha cela de isolamento da prisom de Soto del Real. Onte cheguei da Audiência Nacional num furgom da 'guardia civil'. Dentro, dous polacos, um albano, um colombiano e mais eu. Semelhavam simpáticos:
- De onde és? Nós somos de Europa, da Europa de verdade -ri-. Nós estamos todos por extradiçom. E ti de onde és?
- De Galiza.
- E por quê estás aqui?
- Por política.
- Ah! És comunista, anarquista?.
- Algo assi, som independentista.
-Ah! És o que colhêrom o outro dia, lim-no na prensa.- diz o colombiano.

Um dos polacos tem os olhos azuis, loiro e com um sorriso constante, nom para de falar e mover-se, chisca um olho e diz-me:
 - A ver quando fazedes voar o edifício este eh!
Ao seu lado esquerdo está o albano, um homem mais reservado, mas com um aura de ironia nos olhos:
 -A ver moreno, que papéis levas ai?-. Ensina e sinala o outro e ri.
 - Fuga dum cárcere em Bélgica e vandalismo destrutor, que é vandalismo destrutor?-.Ensina e sinala o papel, estranhado polo termo
 - Hóstia, tés polo menos quinze alcumes, eh?-. Responde com um meio sorriso e umha mirada fugaz.- E ti, colombiano, por que estás?.
O colombiano tem outro aspecto, mais como de resignaçom, mais roído polos anos. - A mim buscam-me por um atraco  numha *joalharia no que nom participei .
- É a primeira vez que conheço alguém acusado de resistência galega, eu conhecim gente da resistência basca .-Nós todos estamos aqui por extradiçom, a mim querem-me mandar a Alemanha quando tenho aqui mulher e filhos.
 - Eu nom me lembro quase do delito polo que me colheram, levo dez anos fora-. Este tem um aspecto menos curtido, mais invadido polo desconcerto. - Levam-nos como se fossemos mercadoria.
- O porco da minha nai está melhor que aqui-. Rim.
- Mas ti que és, das montanhas?.
- Nom, som dumha aldeia, eu estava no monte quando uns encarapuçados se botárom em riba de mim.

Superheroi


"Um cura de la óstia"


Personagems I

Umha mesma ferida


Recevo a carta dum amigo da minha aldeia. Ele está emigrado em Francia. É um dos 80.000 jovens que abandonou o país desde 2008. Diz-me ele: "ti preso longe da terra, eu emigrado, os dous temos um pequeno ponto em comum: compartimos essa espera, de passar a porta da casa, da lareira..."
Prosegue, dando-me folgos: "eu fecho os olhos e tento imaginar-me que caminho polo monte do Picom, que meto os pés no rio e que está tam frio coma sempre, ou a erva na carvalheira do Constante, porque a imaginaçom é mui grande e ninguém nola pode proibir".    <------ Iso de nola pode proibir penso que está mal escrito, non entendo moi ben o orixinal.
Outro amigo, antigo companheiro de trabalho, aficando na Terra ele, envia-me junto coas suas saudaçons umha esperpéntica cópia da sua petiçom de admisom num programa de bacharelato. Apresentada esta, fora de praço, numha folha de quaderno escrita a mam e cheia de gralhas. Diz, literalmente: "cumpridos os 25 anos de idade, provinte dumha familia totalmente desestruturada, cum trabalho sem absolutamente nengumha posibilidade de futuro nem realizaçom pessoal, atopando-me num estado de desesperaçom e no que os expertos calificam de "exclusom social" solicito..."
Ambos dirigem-se a mim, num gesto de solidariedade e apoio mutuo, mas eu penso que falam também para si, reflexivamente, buscando em si mesmos um caminho e umha resposta.
Como este pequeno artigo, essas cartas contenhem dentro de si muitas perguntas e o mesmo berro-ouveio de Irmandade e Força. Pois emigrado, precarizado e preso, os tres compartimos a mesma arela: vivir dignos e livres na nossa Terra.

Ao caer a tarde
a águia sobrevoa este ceu
e deixa tras de si umha ferida

é a travês dela que nos miramos aos olhos
as irmás
e soam umhas guitarras eléctricas
                               coma lóstregos:
"Que chegue a hora da furia,
a ira pode ser poder
Sabias que podes utilizá-lo?"
                    (The Clash)

"Quando me perguntam pola minha identidade nas esquinas eu abro e mostro-lhes a minha ferida"
Higri Izgqren

Tránsito


Os homes caminhan arredor do pátio, ás vezes de dous em dous, outras sós. Numha esquina, um grupo de conversa,
noutra um home senta só, agardando. Estám de tránsito, também chamado "cunda". "Umha viage como um êxodo
cara  o nengures".

O tempo semelha parado. Num recuncho, colado num cristal, a indicaçom, por dias, das distintas rutas carcerárias: cara
o norte, cara o sul ou cara o leste. Ás vezes, alguém se para a curiosear ou comentar.

Homes de todas as procedências, histórias e idades agardam durante dias polo seu traslado, e caminhan em círculo baixo
o sol com as suas peles gastadas. O seu destino está decidido polo poder estatal, em cada prisom un futuro onde
comezará outra espera distinta.

Nesta estaçom nom há autocarros, só há homes. Postos em fileira, estes som classificados para partirem quando chega
um autocarro da Guardia Civil. Os homes cargam nos maleteiros as suas enormes bolsas com todo o que posuem, e
depois introduzem-se, de dous em dous, numha cela de 2 x 2 metros, metálica, totalmente fechada (apenas um pequeno
buraco sem visibilidade polo que entra umha pouca luz).

O azar junta-os nessas viages de até 6 horas seguidas.
"-Sabes? A verdade é que se nom se conhece isto nom se pode comprender o mundo no que vivemos. Estes som os
sumidoiros do estado e esta a gente que provem dos sumidoiros do mercado".

O Polaco


"O cárcere é um negócio e todos os negócios provenhem do crime" diz o polaco.
No seu país o cárcere é ainda pior que aquí, saen ao pátio 1 hora ao día e estám seis ou sete num quarto. Ele tivo um
problema há muitos anos com uns mafiosos do seu país que ameaçavam a sua familia,e , tras 23 anos fugido vivendo e trabalhando
 sem papeis com outra identidade, um dia indo a mercar o pam, quando o param pola rua os polícias, trabuca-se ao ensinar o seu pasaporte
e ensina o que nom devia. Total, que o detenhem e pidem-lhe cadea perpétua em Polonia.

Na engranagem carcelária colhem muitas histórias e personagems, gente que sabe que o dinheiro nom é legal nem ilegal,
que o dinheiro move o mundo,e que este procede da guerra, da conquista, da especulaçom, do crime.Que há trabalhos legais
e trabalhos ilegais.

Sabe que nos EEUU os cárceres som privados, que "quem fai a lei fai a trampa", que "todo funcionário tem o seu preço", que
os verdadeiramente poderosos nunca entram no cárcere, que a repressom é também un negócio, que "todos somos peças desse
jogo".Sabe-o o ionki, o preso "político", o atracador e o ladrom.

Do que se trata é de libertar-nos da engranagem.
Viva Galiza Ceive!        Abaixo os muros das prisoms!

A TV é a mitade da condena


"A TV é a mitade da condena, fai-te com umha"

Fôrom as últimas palavras do Chefe de Serviço da prisom de Soto del Real depois de deixar-me na cela de ilosamento.
Afortunadamente levava comigo umha rádio de man quando, caminhando polo monte, se me botárom enriba mais de dez
encarapuzados que durante mais de 2 horas se adicárom a denigrar-me, golpear-me e torturar-me psicologicamente.

Umha folha en branco e calor humano dos outros presos é o que che fai seguir adiante quando chegas aqui, depois
duns dias nas mans da polícia, incomunicado, onde nom tes absolutamente nada, e como muito podes escrever algo se
as paredes som amarelas com o arámio da "chupa". As primeiras saídas ao pátio, caminhar dum lado a outro conversando
com outra pessoa com a sua história própia. Histórias e palavras que som umha boa droga para a supervivência.

Entom das-te conta do contraste: aqui o tempo é infinito, quase um inimigo, nom há presa porque tampouco che deixam
ir a nengures, claro (21 horas na cela e enfrente um muro). Na rúa é ao contrário: o tempo é ouro, sempre há que
mover-se, ir a algures, mas muitas vezes com presa, sem sentido. O trabalho, o tráfego, a discoteca, o facebook,
as obrigas, "ser alguém!, o INEM, os "trapis", os videojogos, o espectáculo, mudanças, o google no que todo aparece...

Aqui nom temos nada, aparte do sustento mais básico (como os porcos no cortelho) mas temos ainda a nossa mente. Por
isso nos ofrecen pastilhas ou nos recomendan mercar unha televisom.
                          " A melhor arma do opressor é a mente do oprimido"

De Quistiláns a Soto del Real


-Menudo câmbio!.- Di-me o velho atracador madrilenho.- Antes no monte coas galinhas, e agora aqui metido!

Pois sim, eu venho da Galiza, dumha aldeia ou do que ainda fica dela, onde ainda mantém-se umha certa harmonia coa terra e a secular cultura galega mantém-se ainda viva, mas agonizante. E nom falo de "cultura" como falam os políticos, falo dum jeito de vida, dumha existência que se funde co entorno; e nom falo de "paisagem" como falam nas guias turísticas da Junta, falo de aproveitar o monte e cuida-lo, e disfrutar do rio e do horizonte; e nom falo de "galego da CRTVG", falo de cagar-se em Dios, mas também do "ghato" e da "ghadanha"; tampouco falo de "civismo", falo de dizer-lhe "ola" ao vizinho e comentar-lhe como vai a tarde e do cheio que leva o carretilho.

E nom, nom era todo idílico, estava (está) ainda muito por conservar e trocar. Há muitas costumes perdidas (como os contos a carom do lume) e outras impostas (como o automóvel, a televisom, ou o feisbuk), há ofícios perdidos e vidas de escravitude laboral, há casas abandoadas e chalés de "ricos"; há sabiduria e valores que se perdem, e muito machismo e medo paralisador que se conserva. Há cada vez mais eucaliptos, fala-se-lhe castelám ás crianças, e já case ninguém trabalha as terras, a história esquece-se e a identidade morre.

Um dia a aldeia encheu-se de polícias encarapuçados, e encheu-se também de moç@s que lhes berravam e lhes tiravam pedras, os meus irmáns.

Agora estou aqui, metido neste "búnker" a centos de kilómetros da terra, no que apenas vejo um muro, e um carcereiro pregunta-me se saim na Tv.

"...Nom nos entendem, nom."

7 de mar. de 2013

Caminhamos


Ele era camioneiro. Está preso polo transporte de centos de quilos de cocaína. Enumera, mirando-me fixamente aos olhos, os múltiples trastornos que padece segundo a psiquiatra da prisom. Todos eles com nomes estranos e retorcidos.
Tinha un camiom própio, que mercou com os seus aforros, tras umha longa campanha como soldado do Exército Espanhol.
Tras da cabina do condutor, umha cama e um forno de gas, no que quentava as latas de lentelhas ou de calhos que mercava nos supermercados das gasolineiras. Quase a única comida quente que probava.
Conduzia só, polas estradas de toda Europa, longas jornadas sem parar, de cidade em cidade.
Com ele levava sempre o seu cam e mais o seu gato. Também levava a sua magnum.
Um día outro home tentou roubar-lhe o camiom, mais apuntou-lhe á cabeça e chamou polo cam para que o mordera. Despois passou-lhe duas vezes por enriba.
As longas noites de café com gotas, as paradas nos prostíbulos onde lhe metía cubatas e uns zuscos de farlopa; anos de marinheiro de terra vagando polas rectas de asfalto coa mercadoría e a sua casa ás costas. Mercadoría umhas vezes mais legal que outras.
Agora, caminhando dum lado a outro do pátio, fala-me dessa vida de miséria fora desta outra vida de miséria.

5 de mar. de 2013

Fernan “El Loco”


Chamam-lhe Fernan. Fernan “El Loco”. Leva preso desde os 18 anos. Tem 26. Cae-lhe a baba mentres fala. Está contente porque conseguiu meter umha “playstation” na cela. Tres meses de queixas ao Julgado de Vigilância Penitenciária. Como muitos, recebeu malheiras e malheiras nos centros nos que estivo. Tem umha saca cheia de pílulas de diversas cores e tamanhos.

Ensina as tatuagens que tem no seu peito: "Viviendo para sufrir".

Umha vez fecharam-lhe com os tolos. O mais normal de-les falava e ouveava a seu tempo. Hoje viu-no ver a súa avoa. É a única pessoa que lhe vissita. Seica antes tinha umha moça. Loira. "Cachonda". "Forrada de pasta". Disque era filha dum alto cárrego de Esquerda Unida. Deixou-no porque nom deixava de ter problemas no "caldeiro", e cansou del. Tem sete ou oito delitos pendentes ainda. Todo dios conhece-o aqui. Sínte-se importante entre a gente de aqui.

Mentres me conta todo isto, o seu colega está a acarinhar un paxarinho que caeu medio morto, nom sei moi bem de onde. Fai-lhe o boca a boca. Mais bem, o boca a bico.

Nas reixas do telhado há umha pomba morta. Leva meses lá.

Hoje somos tres no pátio.


Soto, 4 de Março de 2013

4 de mar. de 2013

O obxectivo do sequestro


O obxectivo do sequestro, a dispersom e o ailhamento por parte da maquinária estatal, além de destruir física e psicológicamente à pessoa, é arrincar-lhe da sua comunidade, "borrá-la do mapa".

Neste caso, as cartas, as chamadas, as vissitas e as publicaçons na rede som o único jeito de estar presente. Também essa rede virtual de duplo fio, que é o Facebook. Rede de comunicaçom impessoal, a rede de control, pola que navigarám estas palavras (quando cheguem). Pois, por desgraça, a rede está a substituír a comunicaçom "cara a cara", á praza, ó parque, ó lugar de encontro; substitue um possível diálogo construtivo entre as pessoas, umha comunicaçom horizontal e livre e umha convivência real por um escaparate virtual.

26 de fev. de 2013

Jogamos


Ele tem os dentes brancos e a pel morena. Tem apenas 23 anos e trougérom-no ao módulo de isolamento castigado por pelejar com "punhos" com outro preso, que seica lhe quería roubar.
Chegou ao Estado espanhol em aviom com quince anos, acompanhado do seu irmám. Diz que trouxo 1 kg. de cocaina no estómago, polo que lhe pagárom 6.000 euros.
No seu país, agardavam a que baixassem os turistas dos barcos e a que sentassem nos "cafés" para ir limpar-lhes os sapatos, um dos "trabalhos" mais acesíveis.
Aplicárom-lhe o artigo 75.1. e trougerom-no para este bunker. Nom lhe deixam ir á escola. Mas já tinha passado por situaçoms similares, como o ano que estivo num centro de menores - Menudos cabrones! - diz.
Ele timbrou hoje polo "telefonilho" porque pensava que nom lhe iam abrir para as suas 3 horas de minúsculo pátio. "Tes que aprender a obedecer-me, a próxima vez que timbres nom che abro"- di-lhe o "funcionário".
Jogamos com o único que temos, umha bola de tenis, e dá-lhe com força contra a parede, dá-lhe com força e exclama animado: - Ganhei!
Diz que quer umha entrevista com o diretor, para dizer-lhe:
"- Señor Director, usted piensa que estoy loco o es que me piensa volver loco?"
E surri, imaginando um momento que nunca chegará.

P.D. Este artigo, que enviei já duas vezes e se "traspapelou", ia acompanhado dum dado curioso; arredor dum 80% da populaçom reclusa tenhen problemas mentais... causa/efecto?
P.D(2) Umha noite, atárom á cama a este rapaz e logo trocárom-no de galeria.

Soto 25/02/2013

25 de fev. de 2013

Café-bar L'Incontro


Café-bar L'Incontro. Um decorado "glamouroso". Gelados, cócteis...Duas televisoms de plasma, videoclips de moda, Melendi a todo volume.
Estudantes subvencionados polos pais sentam a tomar um chocolate, um professor mileurista toma o café mentres lê "El Correo Gallego", um trabalhador "autónomo" aproveita para tomar umha coca-cola e um pintxo mentres atende o seu computador portátil no terraço.
Vestidos com camisa branca e pantalom preto, os camareiros.
Um deles leva na empresa dous anos com contratos parciais, o segundo nom tem contrato nem horário, acode quando é chamado polo patrom, o terceiro, mais novo, chamou a um anúncio do jornal: "Ajudante de camareiro menor de 25 anos". Nom sabe se o vam contratar ou nom, precisa de dinheiro urgentemente para pagar o aluguer da casa e trabalha com todas as suas forças, sem perguntar.

22 de fev. de 2013

Era-se umha vez numha nave no Poligono Industrial de Compostela


A máquina tem sete braços. A um lado umha mulher de meiana idade, e ao outro um rapaz jovem. A máquina é o seu
centro de atençom, move-se a umha velocidade constante. Ela colhe um libro da caixa e ele deixa-o caer num dos braços
que se achega; em cada um dos braços um livro, cada tres segundos o rapaz e a mulher repetem o mesmo movimento autómata
durante mais de 8 horas.
       A máquina-ruleta. Dá voltas como um reloxo.
Ao longo do almacém, um home anda a toda óstia, dum lado a outro berrando: "Venha, óstia, venha, vamos, óstia, vamos!"
Umha mestura entre hooligan e Frankenstein, a súa mandíbula move-se pola cocaína; leva caixas dum lado para outro, ordena
e aparta a um lado á mulher para que ela poda ir ao banho.
"Venha, venha, óstia!"

Sempre, no mesmo recuncho, outro home, de gafas, custódia outra máquina; ao ritmo dela saca, por lotes, artigos de todo
tipo: mapas de estradas, contos para nenos, estudos subvencionandos pola Xunta, revistas "revolucionárias", fascículos
de historia, folhetos electorais, guias de museus...
Numha mesa, umha fileira de homes. De pé, metem um papel dentro de outro, um papel dentro de outro e o sol vai caindo
fora, tras do portal.
No despacho umha mulher jovem está sentada frente um computador numha mesa chea de papeis e de teléfonos que soam.
Cada día atende a cada home e cada mulher que sae da nave e paga, em mam, 5€ de vida por cada hora assassinada.

Cousas de prisom


El é galego, o primeiro galego que conheço em prisom. É baixo e está "cascao"

-Neno, venho de Puerto de Santa María, “menudo tute” metido na jaula essa.

Entrou no cárcere por roubo, com 19 anos. Umha condenaçom pequena. Agora tem 29 e faltam-lhe uns meses para sair. Pelejas e problemas por droga e dinheiro sumarom anos de condenamento, anos em primeiro grado, fechado numha cela e saindo tres ou quatro horas a um pátio minúsculo mais algumha que outra actividade.

Disse-me que é da Corunha.

Eu dissem-lhe: “- de Montealto, nom?”

-Sim, como o sabes?

Nom lho digo, mas sei-no. Porque Montealto é um bairro empobrecido, um bairro popular, de operários, de parados e precarizados, de economia submergida, de gente que se busca a vida para tirar para adiante.

Hoje, a mim trouxeram-me umha TV e a el umhas pílulas para durmir. A TV custa 183€ e vem de "El Corte Inglés" e quando saia de aqui ficará para a instituiçom. As pílulas, suponho-me que serám proporcionadas à instituiçom mediante algum trato económico com a farmaceútica.

Peta-me na parede e di-me pola janela:

-Paisano, deixa-me berrar-che umha cousa antes de deitar-me. Viva Galiza Ceive “mecagoendios”!.

14 de fev. de 2013

O botom e o crime


O carcereiro preme o botom. Tras do cristal escuro, é difícil distinguir o seu rosto. O botom fecha e abre as portas
automáticas; mediante um "telefonilho" envía ordes ao preso: "Pátio?" "Teléfono?" "Médico?" Se nom há resposta imeiata
entende-se como umha negativa.

Por um buraco da porta, a comida. Por um pequeno cristal, uns olhos fam o "reconto" a umhas horas determinadas.
O "crime" ou "presunto crime" (segundo o Juiz emita condena ou dicte prisom provisional) é castigado.
Os corpos som depositados, almacenados. A vida do preso é reduzida a umha existência simple e regulada.

16 de jan. de 2013

Non todo vale polas lentellas


Xa fai tempo que está moi de moda o emprego dos termos ''violencia callejera'' nos ''medios de comunicación''.
É realmente algo curioso, algo que lles gusta moito empregar.
Digo eu, que a violencia só atinxe a seres vivos non a cousas inertes.
As cousas polo seu nome.

O linchamento mediático.
A todos nos gusta ser moi cívicos e racionais. O malo é cando non se pode. Hai conflito.
Como defenderse dun linchamento mediático?
Como moitos de vós puidestes ver, o outro día na aldea de Quistiláns, agora moito máis coñecida que hai uns días, tivemos un pequeno conflito.
Unha suposta ''reporteira'', das que moitas veces se lles esquence a palabra ''suposta'' do tinteiro, estaba disposta a facer un ''gran traballo xornalístico''.
Como ben dixo a nai duns dos meus millores amigos, e tamén do Senlheiro, non todo vale polas lentellas.

10 de jan. de 2013

Crónica imprecisa dumha noite de barbárie na aldeia




 Estas linhas nom som, nem pretendem ser, um trabalho jornalístico rigoroso. A minha própria situaçom interior nestes momentos, a trascendência que para mim tenhem os factos e o pouco tempo transcorrido impedem-mo. Bem pensado, se jornalistas som aqueles que fam uso de tal nome, os infames que estám a apontar e disparar contra toda umha família -de sobra conhecida na aldeia e na contorna por boa e por generosa- com a colaboraçom de dúzias de encapuçados armados, jornalista é quase o último que quereria chegar a ser na minha vida.

8 de jan. de 2013

Carta urgente para Hadriám




Conhecim a Hadriám já fai alguns anos quando eu militava nas mocidades do BNG em Compostela. Naqueles tempos para mim e as demais companheiras ainda era um tabu relacionar-nos com as outras compas, as esquerdistas como lhes chamavam(os), que militavam nas organizaçons juvenis do independentismo. Porém com persoas e militantes como Hadriám foi singelo quebrar muitos tópicos, derruir muros que nos separavam, construir projectos em comum e tecer laços de cumplicidades e solidariedades que durarom anos e ainda permanecem. Porque o companheiro ao que levárom detido onte, 7 de Janeiro, ao que agora mantenhem baixo a legislaçom de excepçom chamada antiterrorista, ao que privam de ter assitência letrada durante vários dias, ao que torturam e ao que calúniam os médios do Poder financiados pola banca é um activista honesto, nada sectário nem politiqueiro, generoso e sempre disposto a trabalhar em comum para transformar desde já umha realidade injusta para as de abaixo.