7 de mar. de 2013

Caminhamos


Ele era camioneiro. Está preso polo transporte de centos de quilos de cocaína. Enumera, mirando-me fixamente aos olhos, os múltiples trastornos que padece segundo a psiquiatra da prisom. Todos eles com nomes estranos e retorcidos.
Tinha un camiom própio, que mercou com os seus aforros, tras umha longa campanha como soldado do Exército Espanhol.
Tras da cabina do condutor, umha cama e um forno de gas, no que quentava as latas de lentelhas ou de calhos que mercava nos supermercados das gasolineiras. Quase a única comida quente que probava.
Conduzia só, polas estradas de toda Europa, longas jornadas sem parar, de cidade em cidade.
Com ele levava sempre o seu cam e mais o seu gato. Também levava a sua magnum.
Um día outro home tentou roubar-lhe o camiom, mais apuntou-lhe á cabeça e chamou polo cam para que o mordera. Despois passou-lhe duas vezes por enriba.
As longas noites de café com gotas, as paradas nos prostíbulos onde lhe metía cubatas e uns zuscos de farlopa; anos de marinheiro de terra vagando polas rectas de asfalto coa mercadoría e a sua casa ás costas. Mercadoría umhas vezes mais legal que outras.
Agora, caminhando dum lado a outro do pátio, fala-me dessa vida de miséria fora desta outra vida de miséria.

5 de mar. de 2013

Fernan “El Loco”


Chamam-lhe Fernan. Fernan “El Loco”. Leva preso desde os 18 anos. Tem 26. Cae-lhe a baba mentres fala. Está contente porque conseguiu meter umha “playstation” na cela. Tres meses de queixas ao Julgado de Vigilância Penitenciária. Como muitos, recebeu malheiras e malheiras nos centros nos que estivo. Tem umha saca cheia de pílulas de diversas cores e tamanhos.

Ensina as tatuagens que tem no seu peito: "Viviendo para sufrir".

Umha vez fecharam-lhe com os tolos. O mais normal de-les falava e ouveava a seu tempo. Hoje viu-no ver a súa avoa. É a única pessoa que lhe vissita. Seica antes tinha umha moça. Loira. "Cachonda". "Forrada de pasta". Disque era filha dum alto cárrego de Esquerda Unida. Deixou-no porque nom deixava de ter problemas no "caldeiro", e cansou del. Tem sete ou oito delitos pendentes ainda. Todo dios conhece-o aqui. Sínte-se importante entre a gente de aqui.

Mentres me conta todo isto, o seu colega está a acarinhar un paxarinho que caeu medio morto, nom sei moi bem de onde. Fai-lhe o boca a boca. Mais bem, o boca a bico.

Nas reixas do telhado há umha pomba morta. Leva meses lá.

Hoje somos tres no pátio.


Soto, 4 de Março de 2013

4 de mar. de 2013

O obxectivo do sequestro


O obxectivo do sequestro, a dispersom e o ailhamento por parte da maquinária estatal, além de destruir física e psicológicamente à pessoa, é arrincar-lhe da sua comunidade, "borrá-la do mapa".

Neste caso, as cartas, as chamadas, as vissitas e as publicaçons na rede som o único jeito de estar presente. Também essa rede virtual de duplo fio, que é o Facebook. Rede de comunicaçom impessoal, a rede de control, pola que navigarám estas palavras (quando cheguem). Pois, por desgraça, a rede está a substituír a comunicaçom "cara a cara", á praza, ó parque, ó lugar de encontro; substitue um possível diálogo construtivo entre as pessoas, umha comunicaçom horizontal e livre e umha convivência real por um escaparate virtual.