7 de mar. de 2013

Caminhamos


Ele era camioneiro. Está preso polo transporte de centos de quilos de cocaína. Enumera, mirando-me fixamente aos olhos, os múltiples trastornos que padece segundo a psiquiatra da prisom. Todos eles com nomes estranos e retorcidos.
Tinha un camiom própio, que mercou com os seus aforros, tras umha longa campanha como soldado do Exército Espanhol.
Tras da cabina do condutor, umha cama e um forno de gas, no que quentava as latas de lentelhas ou de calhos que mercava nos supermercados das gasolineiras. Quase a única comida quente que probava.
Conduzia só, polas estradas de toda Europa, longas jornadas sem parar, de cidade em cidade.
Com ele levava sempre o seu cam e mais o seu gato. Também levava a sua magnum.
Um día outro home tentou roubar-lhe o camiom, mais apuntou-lhe á cabeça e chamou polo cam para que o mordera. Despois passou-lhe duas vezes por enriba.
As longas noites de café com gotas, as paradas nos prostíbulos onde lhe metía cubatas e uns zuscos de farlopa; anos de marinheiro de terra vagando polas rectas de asfalto coa mercadoría e a sua casa ás costas. Mercadoría umhas vezes mais legal que outras.
Agora, caminhando dum lado a outro do pátio, fala-me dessa vida de miséria fora desta outra vida de miséria.