22 de fev. de 2013

Era-se umha vez numha nave no Poligono Industrial de Compostela


A máquina tem sete braços. A um lado umha mulher de meiana idade, e ao outro um rapaz jovem. A máquina é o seu
centro de atençom, move-se a umha velocidade constante. Ela colhe um libro da caixa e ele deixa-o caer num dos braços
que se achega; em cada um dos braços um livro, cada tres segundos o rapaz e a mulher repetem o mesmo movimento autómata
durante mais de 8 horas.
       A máquina-ruleta. Dá voltas como um reloxo.
Ao longo do almacém, um home anda a toda óstia, dum lado a outro berrando: "Venha, óstia, venha, vamos, óstia, vamos!"
Umha mestura entre hooligan e Frankenstein, a súa mandíbula move-se pola cocaína; leva caixas dum lado para outro, ordena
e aparta a um lado á mulher para que ela poda ir ao banho.
"Venha, venha, óstia!"

Sempre, no mesmo recuncho, outro home, de gafas, custódia outra máquina; ao ritmo dela saca, por lotes, artigos de todo
tipo: mapas de estradas, contos para nenos, estudos subvencionandos pola Xunta, revistas "revolucionárias", fascículos
de historia, folhetos electorais, guias de museus...
Numha mesa, umha fileira de homes. De pé, metem um papel dentro de outro, um papel dentro de outro e o sol vai caindo
fora, tras do portal.
No despacho umha mulher jovem está sentada frente um computador numha mesa chea de papeis e de teléfonos que soam.
Cada día atende a cada home e cada mulher que sae da nave e paga, em mam, 5€ de vida por cada hora assassinada.