14 de mai. de 2013

Tránsito


Os homes caminhan arredor do pátio, ás vezes de dous em dous, outras sós. Numha esquina, um grupo de conversa,
noutra um home senta só, agardando. Estám de tránsito, também chamado "cunda". "Umha viage como um êxodo
cara  o nengures".

O tempo semelha parado. Num recuncho, colado num cristal, a indicaçom, por dias, das distintas rutas carcerárias: cara
o norte, cara o sul ou cara o leste. Ás vezes, alguém se para a curiosear ou comentar.

Homes de todas as procedências, histórias e idades agardam durante dias polo seu traslado, e caminhan em círculo baixo
o sol com as suas peles gastadas. O seu destino está decidido polo poder estatal, em cada prisom un futuro onde
comezará outra espera distinta.

Nesta estaçom nom há autocarros, só há homes. Postos em fileira, estes som classificados para partirem quando chega
um autocarro da Guardia Civil. Os homes cargam nos maleteiros as suas enormes bolsas com todo o que posuem, e
depois introduzem-se, de dous em dous, numha cela de 2 x 2 metros, metálica, totalmente fechada (apenas um pequeno
buraco sem visibilidade polo que entra umha pouca luz).

O azar junta-os nessas viages de até 6 horas seguidas.
"-Sabes? A verdade é que se nom se conhece isto nom se pode comprender o mundo no que vivemos. Estes som os
sumidoiros do estado e esta a gente que provem dos sumidoiros do mercado".