8 de jan. de 2013

Carta urgente para Hadriám




Conhecim a Hadriám já fai alguns anos quando eu militava nas mocidades do BNG em Compostela. Naqueles tempos para mim e as demais companheiras ainda era um tabu relacionar-nos com as outras compas, as esquerdistas como lhes chamavam(os), que militavam nas organizaçons juvenis do independentismo. Porém com persoas e militantes como Hadriám foi singelo quebrar muitos tópicos, derruir muros que nos separavam, construir projectos em comum e tecer laços de cumplicidades e solidariedades que durarom anos e ainda permanecem. Porque o companheiro ao que levárom detido onte, 7 de Janeiro, ao que agora mantenhem baixo a legislaçom de excepçom chamada antiterrorista, ao que privam de ter assitência letrada durante vários dias, ao que torturam e ao que calúniam os médios do Poder financiados pola banca é um activista honesto, nada sectário nem politiqueiro, generoso e sempre disposto a trabalhar em comum para transformar desde já umha realidade injusta para as de abaixo.

Hadriám é das de abaixo, conheço-o desde que era mui novo e sempre o vim trabalhando, quer assalariado quer nas distintas actividades sociais nas que andava militando. A minha relaçom com ele veu sempre a través do activismo: quando ele era responsável do Centro Social a Fouce de Bertamiráns, sempre preocupado pola recadaçom de cotizaçons para este e por enché-lo de actividades; na luita contra os incêndios forestais na nossa comarca aquel verao do 2005, organizando brigadas para ir vigiar o monte; no grupo de estudos "A Fouce", preocupado pola formaçom da gente mais nova; no Foro da Mocidade e em todas as luitas que se derom nas ruas de Compostela estes dous últimos anos...
Acusam-no de terrorista mas por nengures aparece esse terror do que os de arriba falam. Existe outro terror, sim, mas os seus reponsáveis nom estám detidos nem som acusados polos média de jeito inquisitorial. Nom há porque dizélo mas, desde logo, Hadriám nunca foi nem será um "perigo" para as vicinhas de Compostela, mais bem será um aliado, umha delas. Nom se pode dizer o mesmo dos corrutos, dos que mandam, desalojam vivendas, precarizam, reprimem as liberdade e conduzem às trabalhadoras ao suicídio. Teremos que tomar nota. Esta situaçom nom é tolerável por muito tempo, estám-se levando às nossas. Nestes momentos de tensom, de preocupaçom e de tristeça para as suas amigas e familiares lembrei-me de umha pequena anedota de quando começávamos a tratar-nos, pode ser no 2004. Atopei-no na praça da Galiza colando cartazes com fixo, penso que contra a especulaçom urbanística (si, havia gente daquela que protestava contra a "burbulha" imobiliária e assinalava aos culpáveis). As ordenanças municipais naquela altura eram mui restritivas no que à liberdade de
expressom se refere, e ele comentava-me que estava "a tope" de multas pola colagem de cartazes na rua. Depois, e com muita ingenuidade pola sua banda, perguntara-me como facíamos nós, os de Galiza Nova, para pagá-las e como aturávamos essa pressom económica. Lembro que pensei entom que nom entendia como é que nom sospeitava que, sendo nós umha das organizaçons juvenis do bipartito que por aquel entom governava Compostela, as nossas multas corriam "distinta sorte" do que as suas. Más já digo, Hadriam nom é um politiqueiro e suponho que naquel entom nom deducia, ou nom queria pensar, que entre os meus si que havia muito disso. Sempre pensei que teria que ter-se encarado comigo, acusar-nos de vendidos e seguir o guiom clássico nas relaçons entre as distintas organizaçons juvenis. Parecerá umha anedota tonta mas para mim, e para algunhas "das da minha corda", esse dia começarom a estourar muitas contradiçons.
Hadriám, agora toca sacar-te a ti e aos demais das gadoupas dos de arriba. Recebe um abraço forte e agardo ver-te mais cedo que tarde de novo por Compostela. A tua ausência vai-se notar muito, companheiro.


Roi Ribeira