12 de abr. de 2014

21 Marzo


Treme-lhe umha mao porque lhe estám a pinchar medicaçom mui dura. Di que escoita vozes e vê cousas raras. Por momentos dá- lhe por cantar a única cançom que sabe, aprendida nestes lares: “Yo soy un yonqui no tengo remedio, me gustan las papelas y esse polvo blanco”, dá palmas e bota a rir.
Leva 5 anos em isolamento, saindo a um pátio minúsculo 3 horas ao día com outro preso. O resto do tempo, metido numha cela sem TV, sem radio, nada mais que as oraçoms em direcçom a onde sae o sol.
Entrou em prisom por tentar roubar várias tendas de móbiles, rompendo os escaparates cumha pedra. Tentou fugar-se até tres vezes, escalando os muros da prisom. “busco a minha liberdade”- diz. Nas mãos tem queimaduras feitas cumha moeda de 5 céntimos. Um chandal roto e um jersey velho som todas as suas pertenças.

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“Buah, quando saiamos de aqui e poidamos ir a um centro comercial. Nom botas de menos comer umha boa hamburguesa num Mc Donald´s?”
Como se dum rito se tratasse, os usuários da comida rápida acodem a esta instituçom yanki seguindo umhas pautas concretas de comportamento e recevendo umhas ordes litúrgicas- a petiçom do menú, os códigos de vestimenta e linguagem das empregadas... E é que as tradiçons de Mc Donald´s ensinam-se incluso num “seminário” denominado Hambúrguer University em Illinois. Alí acodem os directivos destes restaurantes, establecidos por todo o mundo como umha grande tea de aranha.

O aspecto ritual desta empresa funda-se no poder da tecnologia, a cultura do automóvel, a televisom e a vida rápida. A sua participaçom nele require a subordinaçom temporal a um imperialismo económico e cultural. Tanto é assi, que entre muitos reclusos da prisoms espanholas é umha costume da que se tem “morrinha”. Um contraste de culturas: outros botamos de menos a nossa horta, os passeios polo monte ou os chapuçons no río da nossa aldeia.